Neste mês de julho, inauguramos essa coluna no blog da Web Rádio Amparo, com o nome de PELAS FRESTAS DA VIDA. O objetivo aqui será sempre refletirmos, com um olhar de fé, sobre situações e fatos do cotidiano, tal como alguém que observa a própria rua pelas frestas da janela de sua casa.
Nesta comparação tão simples, a janela é a fé. A rua, a vida. A casa? Esta coluna. Vamos construir, então, juntos, essa história?
Falava eu sobre Julho.
Mês do amigo.
Um dia desses, vi uma postagem muito interessante nas redes sociais. Ela dizia a seguinte frase:
“ESTA PESSOA ENCONTRA-SE NUM RELACIONAMENTO SÉRIO
CONSIGO MESMO”.
Achei fantástico. Pois não há amizade sem, primeiro, a construção de uma amizade sincera consigo mesmo. Concorda?
Pensa comigo: Infelizmente, há uma cultura vigente do superficial e do rápido que influencia a muitos.
A vida como um fast-food.
Mas a qual custo?
Fico intrigado como, invariavelmente, nas entrevistas de TV ou sites de fofocas, sempre perguntam:
“Está namorando?
Está casado?
Está solteiro?
Separou?”
Independente da resposta, esta será apenas um trampolim para alguma outra polêmica da vez que, de preferência, gere muitos likes, diversos memes e bastante curtidas. E só. Afinal, onde vigora a superficialidade, poucos são os que valorizam os processos. “Dá muito trabalho”, dizem.
Estar em algum tipo de relacionamento, como amizade, namoro, trabalho ou família, não necessariamente significa que este mesmo relacionamento tenha QUALIDADE.
O outro não deve ser olhado por mim como um objeto que irá preencher MEUS requisitos, MEUS projetos, MEUS planos, MEUS padrões, tão somente. Não.
O verso da moeda é, justamente, o quanto EU sou capaz de doar-me e de entregar-me, em favor do outro. Não apenas receber. Mas dar também. Sobretudo. O que só é possível quando se constrói uma profunda amizade consigo. Fruto de autoconhecimento e paciência.
Ninguém dá o que não tem. Nossa Senhora só pôde ser chamada assim, porque, para ser nossa, ela, antes, soube auto possuir-se e entregar-se, sem reservas, nas mãos do Senhor. Só assim, tornou-se a NOSSA SENHORA.
Entrar num relacionamento sério consigo mesmo é lindo. Duro. Desafiador. Exigente. Por vezes, cansativo, angustiante. Mas extremamente necessário. Revigorante. Renovador.
Não se entra em si mesmo para ficar ali, estagnado. Neste processo, significativa é a ajuda de outros, tanto profissional, quanto familiar e de amigos. É fundamental sentir-se amado e aceito, em suas fragilidades e limites. Neste ponto, identifica-se quem ama verdadeiramente. Quem está ao seu lado por aquilo que você realmente é. E não pela sua imagem projetada ou para a manutenção de um status social, num mundo em que estar só parece ser loucura.
De fato, não fomos feitos para a solidão. Até mesmo os monges eremitas possuem seus momentos de convivência e de comunhão fraterna. Não se isolam da realidade. Antes, de fora, comungam com o real de outra forma, comunicando-lhe, talvez, novo significado. Pelo amor crítico.
Todavia, a solidão positiva é fundamental. Tempo de cultivar-se, conhecer-se, tocar-se, aprofundar-se, em sua história afetiva, espiritual, emocional, existencial.
Respeito profundamente os que estão vivendo um relacionamento sério consigo mesmo. Estes têm grandes possibilidades de fazerem a diferença para o BEM, num mundo cada vez mais frio, indiferente, mecanizado.
Busque sua essência interior. Viva a partir dela. Eleja, escolha, interaja, reflita. Tendo-a na mente e no coração. Seja fiel a si mesmo. Respeite seus princípios, sua história, a si mesmo. Permita que entre em sua vida apenas aqueles e aquelas que entenderem estas coisas. Estes serão eternizados. Farão, contigo, história.
Ninguém constrói sua casa sobre uma ponte. Pontes são passagens. Caminhe, viva seu momento, ande, busque. Construa. E seja feliz.
Sempre.
Pelas Frestas da Vida.
Abraço amigo e que Deus nos abençoe a todos nós,
Com o carinho da minha amizade,
Miguel Angelo
Cantor católico e professor